terça-feira, 3 de novembro de 2009

Biografia

Nasceu no dia 16/06/1927 no Palácio da Redenção, na Paraíba (PB). Oitavo filho dos nove irmãos, seu pai, João Urbano Pessoa de Vasconcellos Suassuna, era governador da Paraíba. Sua mãe chamava-se Rita de Cássia Dantas Villar. Três anos depois, então deputado federal, o pai do autor é assassinado no centro da cidade do Rio de Janeiro (RJ). A fim de evitar inimigos, a família muda-se constantemente. Em 1933, muda-se para Taperoá, no sertão dos Cariris Velhos da Paraíba.
De 1934 a 1937, inicia seus estudos e entra para o internato do Colégio Americano Batista, no Recife. Após concluir o curso Clássico, começa o curso de Direito.
Em 1947, escreveu sua primeira peça teatral, "Uma mulher vestida de sol", e ganhou o prêmio Nicolau Carlos Magno. Continua escrevendo para teatro, sempre elogiado, até que, em 1955, escreve um de seus inúmeros sucessos, "Auto da Compadecida", texto baseado em três narrativas do Romanceiro nordestino.
Casa-se, em 1957, com Zélia de Andrade Lima, que lhe deu 6 filhos. Tem 13 netos.
Em 1958, começa a escrever "Romance d'A Pedra do Reino e o príncipe do sangue do vai-e-volta". Estuda Filosofia na Universidade Católica de Pernambuco. Já famoso, funda, ao lado de Hermilo Borba Filho, o Teatro Popular do Nordeste.
Em 1964, publica "O santo e a porca". Membro fundador do Conselho Nacional de Cultura; Diretor do Departamento de Extensão Cultural da Universidade Federal de Pernambuco, começa a articular o Movimento Armorial, que defenderia a criação de uma arte erudita nordestina a partir de suas raízes populares.
Em 1970, conclui o "Romance d'A Pedra do Reino". Com um concerto "Três séculos de música nordestina — do Barroco ao Armorial" — e uma exposição de gravuras, pinturas e esculturas, lança no Recife, em 18 de outubro, o Movimento Armorial.
"A Pedra do Reino" sai em agosto de 1971. No ano seguinte, ganha o Prêmio Nacional de Ficção do Instituto Nacional do Livro. Eleito para ocupar a cadeira 32 da Academia Brasileira de Letras, toma posse no dia 09/08/1990.
Em São José do Belmonte (PE), no ano de 1993, realiza-se em maio a primeira festa da Pedra do Reino, uma cavalgada na qual os participantes, posteriormente, passariam a usar trajes como os descritos no romance.
Em 1995 é nomeado, pelo governador Miguel Arraes, secretário estadual da Cultura.
Estréia, em 1996, no Teatro do Parque, no Recife, a série "Grande cantoria", aula espetáculo que reúne violeiros e repentistas. O biografado, ao violão, cantou um romance de inspiração sebastianista que aprendera na infância.
A peça "A história de amor de Romeu e Julieta" é publicada no suplemento "Mais!" do jornal "Folha de São Paulo", em 1997. No ano seguinte, participa do lançamento do CD "A poesia viva de Ariano Suassuna".
"O Auto da Compadecida" é exibido em quatro capítulos pela Rede Globo de Televisão, em 1999.
Em 2000, escritor recebe o título de doutor honoris causa da Universidade Federal do Rio Grande do Norte. Em comemoração aos 500 anos do Descobrimento do Brasil, apresenta no canal GNT o programa "Folia Geral", sobre as origens do carnaval. Toma posse, no dia 09 de outubro, na cadeira 35 da Academia Paraibana de Letras.
Ao completar 80 anos de idade, em 2007, o autor foi homenageado em todo o Brasil pela grandeza de seu trabalho.
Dissertações e teses, artigos em jornais, livros e ensaios incluídos em livros encontram-se relacionados nos Cadernos de Literatura Brasileira - Número 10, novembro de 2000.
O poema ora apresentado foi o primeiro que, para surpresa de Suassuna, foi publicado em 07/10/1945 no suplemento cultura do "Jornal do Comércio", segundo consta levado por seu professor, Tadeu Rocha, a Esmaragdo Maroquim, editor do suplemento. Extraído do livro "Ariano Suassuna - Um perfil biográfico", de Adriana Victor e Juliana Lins, Editora Zahar - 2007, pág. 50. A versão apresentada, de 1950, apresenta pequenas modificações em relação ao poema publicado em 1945.

Conquistas de Ariano Suassuna

Desde 1990, Ariano ocupa a cadeira número 32 da Academia Brasileira de Letras, cujo patrono é Manuel José de Araújo Porto Alegre, o Barão de Santo Ângelo, (1806-1879).
Em 1993, foi eleito para a Cadeira 18 da Academia Pernambucana de Letras, cujo patrono é o escritor Afonso Olindense.
Em 2000, escritor recebe o título de doutor honoris causa da Universidade Federal do Rio Grande do Norte.
Essas são algumas das conquistas que Ariano Suassuna consegui almejar, mais há outras que complementam seu curriculo profissional dramaturgo e literario.

Movimento Armorial

Ariano foi o idealizador do Movimento Armorial, que tem como objetivo criar uma arte erudita a partir de elementos da cultura popular do Nordeste Brasileiro. Tal movimento procura orientar para esse fim todas as formas de expressões artísticas: música, dança, literatura, artes plásticas, teatro, cinema, arquitetura, entre outras expressões.
Obras de Ariano Suassuna já foram traduzidas para inglês, francês, espanhol, alemão, holandês, italiano e polonês.

Vida profissional

Na Faculdade de Direito, conheceu Hermílio Borba Filho, com quem fundou o Teatro do Estudante de Pernambuco. Em 1947, escreveu sua primeira peça, "Uma mulher vestida de Sol". Em 1948, sua peça "Cantam as harpas de Sião" (ou "O desertor de Princesa") foi montada pelo Teatro do Estudante de Pernambuco. Seguiram-se Auto de João da Cruz, de 1950, que recebeu o Prêmio Martins Pena, o aclamado Auto da Compadecida, de 1955, O Santo e a Porca - O Casamento Suspeitoso, de 1957, A Pena e a Lei, de 1959, "A Farsa da Boa Preguiça", de 1960, e "A Caseira e a Catarina", de 1961.
Entre 1951 e 1952, volta a Taperoá, para curar-se de uma doença pulmonar. Lá escreveu e montou "Torturas de um coração". Em seguida, retorna a Recife, onde, até 1956, dedica-se à advocacia e ao teatro.
Em 1955, "Auto da Compadecida" o projetou em todo o país. Em 1962, o crítico teatral Sábato Magaldi diria que a peça é "o texto mais popular do moderno teatro brasileiro". Sua obra mais conhecida, já foi montada exaustivamente por grupos de todo o país, além de ter sido adaptada para a TV e para o cinema.
Em 1956, afasta-se da advocacia e se torna professor de Estética da Universidade Federal de Pernambuco, onde se aposentaria em 1994. Em 1976, defende sua tese de livre-docência, intitulada "A Onça castanha e a Ilha Brasil: uma reflexão sobre a cultura brasileira".

Estudos

Em 1942, já adolescente, Ariano Suassuna muda-se para cidade de Recife, no vizinho estado de Pernambuco, onde passou a residir definitivamente. Estudou o antigo ensino ginasial (ensino fundamental) no renomado Colégio Americano Batista, e o antigo colegial (ensino médio), no tradicionalíssimo Ginásio Pernambucano e, posteriormente, no Colégio Oswaldo Cruz. Posteriormente, Ariano Suassuna concluiu seu estudo superior em Direito (1950) e em Filosofia (1960).
Ariano Suassuna estreou seus dons literários precocemente no dia 7 de outubro de 1945, quando o seu poema Noturno foi publicado em destaque no Jornal do Comércio do Recife.

Alto da Compadecida(comentada)

O Auto da Compadecida é uma reunião de três peças anônimas : O enterro do cachorro, O cavalo que defecava e O castigo da soberba. A peça divide-se em quatro atos que se relacionam e foi publicada em 1955.
O título: Auto, significa teatro, gênero dramático, aproximando-se do teatro espanhol medieval do século XVII, com personagens alegóricos. Compadecida é aquela que tem pena, compaixão diante da dor alheia. É uma referência à Nossa Senhora. Era comum apresentar nas peças os milagres de Nossa Senhora.
A história é contada em prosa. O cenário é o sertão da Paraíba, na cidade de Taperoá, contando as histórias e casos populares nordestinos. Com muito humor, o autor fala da miséria humana, da mesquinharia das pessoas, do racismo e da luta pelo poder. Revela os costumes regionais, o caráter religioso e católico dos cristãos e a amizade entre João Grilo e Chico.
São dezesseis personagens, sendo João Grilo o personagem principal. A história acontece em um picadeiro de circo.O apresentador é um palhaço, o próprio autor. Ele lembra as peças medievais e seu principal papel é criticar a sociedade. João Grilo é o herói sem caráter, símbolo da malandragem. Pode ser comparado a Macunaíma, personagem de Mário de Andrade e a Leonardo, do livro Memórias de um sargento de milícias.
A linguagem é simples. Não é apenas coloquial, mistura o vocabulário nordestino pois é o Nordeste e sua gente que Ariano quer retratar. Ariano Suassuna ficou mais famoso na sua terra ao criar o Armorial, um movimento cultural nordestino com o objetivo de promover os autores famosos do modernismo. Hoje o Brasil reverencia esse paraibano, orgulho nacional, que tão bem caracterizou o Nordeste, seu sertão e a luta do seu povo.

A Pedra do Reino (comentada)

A Pedra do Reino de Ariano Suassuna, romance alegórico sertanejo, cujo cenário transposto
para o auto sertão nordestino parece transformasse em um grande teatro de três personagens. Centrado em Quaderna, o Juiz Corregedor e Margarida e mais uma importante figura menor: o mouro Clemente e mais de 300 figurantes. A grande força deste Romance "Epopéico" está na narrativa fantástica que, através de Quaderna, atravessa o mágico sertão pedreguento da Paraíba de Suassuna, ao forjar sua própria prisão através de uma carta. Com o pretexto de, com sua detenção, ganhar tempo para escrever seu livro que o elegeria à condição de gênio da raça moura nordestina. Quaderna sob o foco de um interrogatório vai tecendo toda a epopéia da trama, mais que mirabolante, mágica, colorida, cruel, sangrenta e infernal. Num cenário, onde não faltam figuras exóticas e misteriosas como: As carvalhadas, as onças pintadas, os calabouços e as degolas.

Principais obras literarias

Teatro
Uma mulher vestida de Sol, (1947);
Cantam as harpas de Sião ou O desertor de Princesa, (1948);
Os homens de barro, (1949);
Auto de João da Cruz, (1950);
Torturas de um coração, (1951);
O arco desolado, (1952);
O castigo da soberba, (1953);
Auto da Compadecida, (1955);
O casamento suspeitoso, (1957);
O Santo e a Porca, (1957);
O homem da vaca e o poder da fortuna, (1958);
A pena e a lei, (1959);
Farsa da boa preguiça, (1960);
A caseira e a Catarina, (1962);
As conchambranças de Quaderna, (1987);
Romance
O Romance d'A Pedra do Reino e o Príncipe do Sangue do Vai-e-Volta, (1971).
O Rei Degolado, (1976).
A História de Amor de Fernando e Isaura